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Nosso objetivo era chegar a margem do rio Xingu para isso saímos do canteiro, mesmo cansados, e entramos na vila de Santo Antonio. Pela estrada adentro nos perdendo por entre as curvas e os caminhos que davam a outros lugares ainda mais absurdos dentro da vila fomos percebendo a imensidão daquilo tudo e mesmo nos sentido exaustos por causa do sol e do caminho que não era curto não parávamos de nos perguntar: Por que alguém iria querer destruir aquele lugar?

Passamos por jovens, crianças, índios... As pessoas sorriam para nós. As crianças brincavam na frente das casas, na terra vermelha e batida. Felizes, inocentes no meio de um furacão. Passeando por toda essa paisagem, finalmente chegamos no rio Xingu. Senti meus olhos descansarem naquela que foi uma das imagens mais lindas da minha vida. O que fazer diante daquele rio? Simplesmente: Nadar. Fomos até o rio e nos jogamos como se estivéssemos atravessando um portal dentro do verde. você.



 

Logo conhecemos dois meninos que estavam brincando no rio sem muitas voltas logo começaram a conversar com a gente... Falar sobre a vila e sobre o remanejamento que a Eletronorte pretendia fazer  com os moradores da vila... Eles não sabiam ao certo o que ia acontecer, mas não se estendendo muito disseram que provavelmente iriam morar em Altamira bem longe do rio.


Depois de um bom tempo nadando e conversando, voltamos ao nosso posto de origem: A ocupação. Onde muitas coisas aconteciam na nossa ausência. No caminho de volta continuamos a nos perder na vista incrível das casas de palha e barro. Nas árvores e na terra batida...

 

Seguindo ao fim da nossa caminhada eis que encontrei o que seria o cemitério da vila... estórias perdidas e vivas dentro desses túmulos que hoje já não podem mais ser visitados ou usados pela população de vila de santo antônio, a Eletronorte já iniciou e desocupou o local aqueles que por ventura morressem no lá durante a desocupação deveriam pedir permissão para a mesma para serem enterrados nesse cemitério. Até a morte é comprada pela empreiteira...

"...Uma das maiores brutalidades neste processo foi a interdição do pequeno cemitério da Vila. Uma enorme placa anuncia que “fica  expressamente proibido todo e qualquer sepultamento no local”.


( Citação extraída do Xingu Vivo.org )

É quando vejo o apelo dos moradores de Vila de Santo Antonio e a brutalidade da sua desocupação... Quando eu sei que aquelas crianças não mais poderão aproveitar seu fim de tarde na beira do rio, os pescadores tirar seu sustento d'água que eu choro... Choro diante dessa sensação impotência e da perda deles.

Vidas, estórias, sentimentos, memórias enterradas nesse cemitério...



27.10.2011

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